quinta-feira, março 27, 2008

Território tradicionalmente Pesqueiro Ameaçado na Foz do São Francisco




Fórum de Articulação Popular em Defesa do São Francisco


A:
Presidência da República
GRPU – Gerencia Regional do Patrimônio da União - SE
INCRA Regional Sergipe
IBAMA
MINISTERIO PUBLICO FEDERAL
MINISTERIO PÚBLICO DO SÃO FRANCISCO
OAB SERGIPE
OUVIDORIA AGRÁRIA NACIONAL - OAN
As entidades abaixo assinadas vêem a público demonstrar a indignação para com os novos fatos ofensivos aos direitos dos pescadores e posseiros da Comunidade “Resina”, localizada no Município de Brejo Grande, bem como a todo o seu potencial destrutivo dos direitos de todos os povos tradicionais daquele município as margens da Foz do Rio São Francisco.

Cercados por fazendeiros latifundiários em todos os lados, as famílias pesqueiras da Comunidade “Resina” vivem um cotidiano de violência e ameaças há mais de 40 anos. Proibidos pelos fazendeiros de exercer a propriedade da terra como comunidade tradicionalmente pesqueira, agora, os moradores da “Resina” se vêem em confronto com uma das maiores construtoras do Nordeste, a Norcon.

Os pescadores do povoado “Resina” sempre estiveram em estado de insegurança com os fazendeiros circunvizinhos, que nunca respeitaram ou aceitaram a permanência daquela comunidade tradicional às margens do Rio São Francisco. Com a apreensão de animais, destruição de casas, violência física e diversas ameaças, os coronéis do latifúndio provocaram um cotidiano de sofrimento para todos os pescadores e pescadoras, posseiros e posseiras daquele perímetro de terras de beira rio.

Após décadas de opressão, os povos tradicionais daquele município, sejam os pescadores da Resina, os quilombolas do “Brejão dos Negros” e os posseiros da Carapitanga, vivem a renovação dos conflitos com a compra das terras, por parte da Construtora Norcon. É uma imensa faixa de terra localizada na beira do Rio São Francisco e a iniciativa daquela empresa em exigir a retirada de todos os povos de suas terras com o objetivo de construir um grande hotel na região.

Para a realização de seu grande empreendimento, a empresa compra a briga dos latifundiários contra as comunidades tradicionais e pretende se utilizar de todos os mecanismos para a retirada da moradia dos pescadores e posseiros ribeirinhos, o que deixará todos aqueles trabalhadores distantes de sua principal fonte de subsistência, o Rio São Francisco.

As ações implementadas pela Norcon vão de encontro a construção de cidadania e o reconhecimento do direito das populações tradicionais do Estado de Sergipe de permanecerem em seu território tradicional. Uma empresa que “se pretende” moderna, veste as roupas do coronelismo latifundiário e se rende a truculência antiquada que combatemos ao longo dos anos.

Neste sentido, vimos por intermédio deste, demonstrar toda a nossa indignação para com a Norcon e reivindicar o respeito às populações tradicionais, aos pescadores, as comunidades quilombolas, aos posseiros do município de Brejo Grande e a Foz do Rio São Francisco. Exigindo o direito de territorialização destas comunidades.

Penedo, 15 de março de 2008


Entidades:

ACONAQ/SE, ACRANE - Associação Cultural Raízes – Poço Redondo-SE, AGENDHA, AGIR, Caminhantes do Rio, Cáritas Diocesana de Propriá/SE, Casa da Mulher do Nordeste, Centro Dom José Brandão de Castro, CEBs da Diocese de Paulo Afonso, Central das Organizações de Penedo, Centro Sabiá, CIMI NE, Colônia de Brejo Grande, Colônia de Igreja Nova, Colônia de Pão de Açúcar, Colônia de Petrolândia, Colônia Z de Traipu, Colônia Z12 de Penedo, Colônia Z13 de Jatobá,Colônia Z15 de Canindé do São Francisco – SE, Colônia Z19 de Piaçabuçu, Colônia Z27 do Peba, Colônia Z7 Neopólis, Comissão de Juventude Rural de Pão de Açúcar, Congregação Irmães de Caridade de Pacatuba – SE, Conselho Pastoral dos Pescadores Nordeste, Conlutas SE/AL, DIACONIA Pajeú, Federação dos Pescadores Alagoas, Federação dos Pescadores de Sergipe, FUNESA - Universidade de Palmeira dos Índios, GEAVS, Grupo de Jovem Maninha Xucuru Kariri, Grupo de Mulheres Pescadoras de Penedo, Grupo Olha o Chico-Piaçabuçu, Grupo Paralelo KatoKinn – Pariconha/AL, Instituto Palmas, Movimento de Mulheres Camponesas, Movimento Ecológico Filhos do Velho Chico – MEFVC, Movimento Pró Desenvolvimento Comunitário de Palmeira dos Índios, MPA de Alagoas, MPA de Sergipe, MPDC – Palmeira dos Índios, Museu do Velho Chico em Traipu , Mandato do Deputado Iran Barbosa – PT/SE, NECTAS/UNEB, Opará Pão de Açúcar, ONG Mandacaru, Paróquia de Glória – BA, Paróquia de Petrolândia – PE, Paróquia de São Francisco em Paulo Afonso – BA, Paróquia de Traipu, Pastoral da Criança Propriá, Pastoral dos Reassentados, Pastoral Social Diocese de PA, Povo Kambiwá – Floresta/PE, Povo Gerinpankó – Pariconha/AL, Povo Koiupanká - Inhapi/AL, Povo Kariri Xocó- Porto Real do Colégio/AL, Povo Xocó – SE, Povo Karuazu – Campinho e Tanque – Pariconha/AL, Povo Katokinn – Pariconhas/AL, Povo Pankararé – Glória, Povo Pankararu – Petrolândia/Jatobá/Tacaratu, Povo Tupã – Paulo Afonso/BA, Povo Pipipã – Floresta/PE, Povo Tigui-Botó – Feira Grande/AL, Povo Xucuru Kariri – Palmeira dos Índios/AL, Projeto Casa de Oficio Piranhas, Projeto Cultura de Paz, Quilombola do Brejão dos Negros, Quilombola Mucambo, Quilombolas Serra da Guia, Raízes, SINTESE/SE, SINTEPE/PE, STR de Pão de Açúcar – AL, STR de Paulo Afonso – BA, STR de Penedo, SINDIPETRO SE/AL, SINTES/SE, SINDICAGESE/SE.

segunda-feira, março 24, 2008

1º de Abril

Dia da mentira do governo e da Verdade do Povo
Transposição, Quem tem sede não se engana!

O governo com freqüência repete mentiras sobre o projeto de transposição de águas do rio São Francisco: água para 12 milhões de pessoas; reforma agrária ao longo dos canais, retirar apenas 1,4% da água; falta de manifestações contrárias; acabar com o êxodo rural e que o rio está saudável e pujante.

A verdade é que não existem obras previstas para levar água às comunidades próximas ou distantes dos canais. A água é para beneficiar os poderosos do agronegócio. São 70% para atender a irrigação e criação de camarão pra exportação, 26% para siderurgia e abastecimento urbano, apenas 4% seria para a população espalhada nas caatingas.

A maior parte das regiões por onde passariam os canais possuem solos rasos e rochosos, o que exige uma agricultura adaptada e sustentável, como propõe os princípios da agroecologia, mas, o governo nunca quis fazer reforma agrária nem incentivar a agricultura camponesa no semi-árido.

Os custos do projeto deverão ser arcados pelos consumidores de água no meio urbano das grandes cidades do Nordeste, nas contas domestica, através do subsidio cruzado. Entre os 44 impactos possíveis, pelo menos 36 seriam negativos. A licença do Ibama e a outorga da ANA são ilegais, contrariando a Política Nacional de Recursos Hídricos e desrespeitam a decisão do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco.

O rio está pedindo socorro e mostra suas entranhas com uma vazão de 1.100m3s, as populações do Baixo São Francisco sofre com um rio assoreado e reduzido a 1/3 da sua largura normal em vários pontos, suas águas estão abaixo do mínimo estabelecido, 70% da vazão são para a produção de energia. As populações sofrem com a falta de água, a reprodução de peixes está em situação de risco para os próximos 20 anos, a salina aumenta em sua foz por causa do avanço do mar. Tudo isso, com a omissão e submissão de todos os órgãos públicos responsável pela gestão de suas águas. O governo trata com profundo desprezo e desrespeito a população do baixo São Francisco e o seu meio ambiente, pra justificar a transposição a qualquer custo.

Contestaram a obra: o Tribunal de Contas da União, Ministério Publico Federal e nos Estados, Banco Mundial, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, além das inúmeras pessoas e entidades em manifestações, protestos e tentativas de dialogo. Mas, o governo mantém as mentiras e não cumprem acordos firmados, um exemplo foi como o bispo Dom Luiz Cappio.

Mas, existem alternativas mais baratas e mais eficientes para o semi-árido nordestino. O “Atlas Nordeste” da Agencia Nacional de Águas, sugere 530 obras para captar e distribuir água para 34 milhões de habitantes de 9 Estados, pela metade do preço da transposição. Para a população espalhadas nas caatingas, a Articulação do Semi-Árido propõe dezenas de tecnologias apropriadas para acesso e uso da água.

O governo do presidente Lula, do ministro Geddel Vieira e de aliados como o deputado Ciro Gomes, mente para a população. Não se deixe enganar! Transposição, quem tem sede não apóia.


São Francisco Vivo: Terra, Água, Rio e Povo!

Fórum de Articulação Popular do Baixo São Francisco: organizações sociais, movimentos populares, povos e comunidades tradicionais.
baixosaofrancisco@gmail.com

domingo, março 23, 2008

MALHAR JUDAS OU MALHAR JESUS?

Claudio Ubiratan Gonçalves[1]

A malhação do Judas é um costume trazido pelos ibéricos desde os primeiros séculos de colonização e se estende até hoje, embora, esteja mais restrita as pequenas e médias cidades do imenso Brasil. A malhação, queimação ou enforcamento ocorrem geralmente em praça pública no sábado de aleluia num misto entre sagrado e profano, visto que em plena semana santa ocorre a exorcização do mal. Mal este que é captado pelo sentimento coletivo em torno de algo que desperta indignação, aversão, raiva e até cólera. Assim, a ira despertada através de pequeno grupo que inicia a brincadeira encontra eco, contagia várias pessoas e o sentimento passa a ser legitimado coletivamente pela comunidade dos participantes. Após julgamento, condenação, leitura do testamento do boneco-traidor ocorre a execução do Judas. Em ano de copa do mundo pode ser um técnico da seleção como foi em 1982 com Telê Santana, políticos corruptos como ACM, Maluf ou os anões do orçamento que também já foram alvo dos brincantes.
Neste sentido, a polêmica recente no sul do Ceará, envolvendo a personificação da figura do Judas Iscariotes no religioso franciscano D. Luis Cappio, representa a total inversão de valores que a pós-modernidade encarregou-se de difundir. Judas é o apóstolo traidor e obcecado por dinheiro. A não diferenciação entre os campos econômico e cultural marca profundamente o tempo em que vivemos, onde a forma da produção de mercadorias e a alta especulação financeira tornaram-se o cultural, bem como a cultura tornou-se profundamente econômica orientada para produção de mercadorias, como salienta o Prof. Fredric Jameson da Duke University. Neste aspecto, a confusão entre os valores econômico, cultural e também político está diretamente relacionada com a ação da Fundação do Folclore Mestre Elói, sediada em Crato no Ceará, responsável pela votação popular da eleição do Judas da semana santa. Foi uma votação tendenciosa onde o primeiro nome impresso da lista foi o de D. Cappio, seguido de comentários que influenciavam o eleitor colocando o bispo como inimigo dos cearenses pela sua posição contrária ao projeto de transposição das águas do rio São Francisco. O religioso foi colocado ao lado de carrascos e bandidos do porte de Hitler, Fernandinho Beira-mar, George Bush, dentre outros. Atitude sobretudo, insolente!
A sátira oportuna e recheada de humor do apóstolo que perde a fé e vende seu mestre por míseras 30 moedas, não reflete a realidade de luta e abnegação de D. Cappio, bispo de Barra na Bahia que vive as margens do rio São Francisco, dedicado à defesa do povo ribeirinho daqueles grotões do sertão. Sertão esse à margem das políticas públicas, dos inúmeros Judas inescrupulosos que vêem no povo sanfranciscano, reserva de mão-de-obra ou mais um número na contabilidade eleitoral. É lamentável como alguns promotores culturais se aproveitam das tradições históricas para confundir e manipular a opinião pública. É empobrecedor para a cultura popular, utilizando-a para fins escusos. Creio não ser esta a melhor forma de chamar atenção para um projeto tão autoritário quanto ineficaz para o semi-árido brasileiro como o da transposição do São Francisco. Deixemos o bispo seguir seu caminho no exemplo de Jesus e malhemos os verdadeiros Judas-traidor, que são os políticos e técnicos que defendem essa falácia da transposição.
[1] O autor é cearense e atualmente reside em Sergipe. Geógrafo e Professor da Universidade Federal de Sergipe.

quarta-feira, março 19, 2008

Dia da Mentira do Governo e da Verdade do Povo!


1º de abril
Mobilização nacional contra as mentiras do governo Lula e seus aliados

O 1º de abril que é popularmente conhecido como o “dia da mentira”, esse ano ganhará, também, mais um significado: será um dia nacional de luta contra as mentiras do governo Lula e seus aliados que mentem e enganam os trabalhadores brasileiros.
Vamos dizer um NÃO a grande mentira que é a transposição do Rio São Francisco que vai beneficiar os grandes latifundiários enquanto a população que de fato precisa de água vai continuar com sede.
Os aliados de Lula também mentem, a exemplo da GM que tentou impor o banco de horas em São José dos Campos prometendo 600 novos empregos com salários rebaixados. Os trabalhadores não vacilaram e disseram a um grande NÃO a essa mentira. Queremos os 600 empregos sem redução dos salários e sem o banco de horas.
Por essas e outras mentiras, vamos realizar mobilizações em todo país. Vamos à luta.

Sergipe e Alagoas realizarão mobilização unificada no dia 1º de abril

No dia 15 de março, aconteceu em Penedo/AL a reunião de planejamento das lutas na região do Baixo São Francisco. Foi uma reunião bastante representativa, vários movimentos e entidades estiveram presentes na elaboração do calendário de luta. Foi realizada uma avaliação das atividades realizadas no ano passado e debatidas as perspectivas para este ano. Toda a discussão foi realizada a partir das resoluções da Conferência dos Povos do Nordeste e do Semi-árido realizada em Sobradinho/BA, em fevereiro deste ano.
A atividade do dia 1º de abril foi a principal atividade definida para o próximo período. Nesse dia, os movimentos sociais e entidades do Baixo São Francisco realizarão uma mobilização às margens do Rio São Francisco, na cidade de Propriá/SE, na divisa com o Estado de Alagoas.


Fortalecer a Articulação Popular do Baixo São Francisco

A Articulação Popular do Baixo São Francisco surgiu no ano de 2005. Hoje, aglutina mais de setenta movimentos, entidades e povos indígenas, remanescentes de quilombo, comunidades de pescadores artesanais, assentamentos e acampamentos de reforma agrária, reassentados atingidos por barragens da região do Baixo São Francisco (BA/PE/AL/SE). Todos procurando a superação da fragmentação e a junção das forças num grande movimento pela Vida do São Francisco. A defesa do Rio São Francisco e a luta contra a transposição é a bandeira que unifica todos esses movimentos. A CONLUTAS e o SINDIPETRO AL/SE se somam nessa luta, no fortalecimento da Articulação do Baixo São Francisco e na organização do núcleos/comitês de base na defesa do Velho Chico.


1º de Abril

ATO: “Dia das mentiras do governo Lula e da verdade dos Movimentos Sociais”

Local: Cidade de Propiá/SE

Hora: às 9h

Realização: Articulação Popular do Baixo São Francisco, CONLUTAS, CPP, CPT, MPA, Sindipetro AL/SE, PSTU, Sindicagese/SE, Sintes/SE