segunda-feira, maio 26, 2008

Conquista do Povo Camponês

RELATORIO DA REUNIÃO NA COMUNIDADE BOM JARDIM POÇO REDONDO

Data: 08/05/2008


Participantes:

  1. Mães e Pais de alunos de 1° a 4° serie

  2. Gilvaneide, Rosalvo, Inês e Izabel – Coordenação Estadual do MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores.

  3. Roberto Araújo – MST

  4. Prefeita Iziane

  5. Secretario de Educação Zé de Lídia


A reunião aconteceu na Escola municipal da Comunidade Bom Jardim, e teve inicio às 3 horas da tarde onde as Mães e Pais colocaram suas reivindicações para Prefeita Iziane. Dois pontos foram destacados: Abertura da Escola e Infra-estrutura da Escola.

Relato das famílias:

  • A escola foi fechada no 2° semestre de 2007, alegou-se na época que a infra-estrutura do Colégio Dom Jose Brandão de Castro tinha melhor estrutura, para onde as crianças foram deslocadas;

  • Algumas Mães e Pais ainda tentaram se organizar para reabrir a escola, porém não tiveram apoio de todos;

  • A coordenadora do Grupo de Base do MPA do Bom Jardim (Baixinha) convidou a Direção do Movimento para uma reunião com as famílias que aconteceu no mês de setembro 2007;

  • Que no Bom Jardim tem 23 estudantes de 1° a 4° serie.

Relatos desta reunião:

- algumas Mães não queria lutar pela reabertura da Escola, compreendia que para as crianças seria melhor estudar no Colégio Agrícola, pois tinha merenda (iogurte).

- algumas Mães e Pais disseram que as condições do transporte escolar eram péssimas e temia pela segurança dos filhos e filhas.

- tirou-se duas pessoas da comunidade para conversar com a secretaria de educação e a prefeita, que não avançou.

- também existia a problemática das crianças menores de 5 anos que ficaram sem poder ir pra escola.

Nestas reuniões com o MPA sempre foi colocado à necessidade da reabertura da escola, pois esta é um patrimônio da comunidade, onde se realiza: festas, missas, encontros, reuniões e principalmente pelo fato de que o Estatuto da Criança e do Adolescente e as Leis de Diretrizes Básicas garantem educar crianças menores de 16 anos no seio de sua família. E para que estas Leis fossem garantidas somente com Organização e União da Comunidade.

  • Uma segunda reunião aconteceu no mês de abril, com a presença de Rosalvo Coordenador Estadual do MPA em Poço Redondo, onde se encaminhou:

  • - reunião com a prefeita Iziane;

Na reunião com a prefeita Iziane discutiu-se e encaminharam-se as seguintes questões que foi assumido pela prefeita Iziane:

  1. Abertura da escola no mês de Maio, proposta de até o dia 15/05;

  2. Solicitação de:

- 15 cadeiras

- 1 bebedor

- 1 fogão

- panelas, pratos, copos, colheres.

- 1 tampa pra caixa d’água ou uma caixa nova

- uma sala de pré-escolar, (Roberto Araújo, candidato a prefeito de Poço Redondo prometeu e garantiu as famílias, caso eleito abrirá o pré-escolar na comunidade)

- que a professora não fosse Leleda, mas outro Profissional;

- que caso a professora Leleda (que tem a portaria do município) não aceitasse voltar pra o Bom Jardim, outra pessoa fosse deslocada pra essa comunidade. Detalhe: Existe um problema entre a Prof. Leleda e alguns Pais e Mães.

- o MPA vai acompanhar o processo de reabertura da escola, que seja sem conflito e transtornos pra ambas as partes (Estudantes, Mães e Pais e Professores).

  • Representantes da Comunidade para acompanhar os encaminhamentos tirados e negociar com o poder publico municipal:

- Maria José (Baixinha)

- Maria Aparecida

- Adriano

- Aparecida

- Gilvaneide e Izabel - MPA

É importante afirmar, a Luta pela Reabertura da Escola é da Comunidade de Bom Jardim, fatores políticos partidários não influenciaram e nem influência na decisão e vontade do povo da comunidade. Esta é uma luta pela Educação Camponesa, que se respeite à cultura e a realidade do povo. A educação de cima para baixo não nos serve, queremos ser parte, e parte ativa nas tomadas de decisões, construir junto, queremos ser protagonistas de nossa própria historia.

EDUCAÇÃO CAMPONESA É CAMPONÊS EDUCANDO CAMPONÊS

domingo, maio 04, 2008

O que é um resort e o que trás de bom para o povo de Brejo Grande?

Entenda, pra não se deixar enganar!!

O que é um Resort ou hotel de lazer? é um lugar de luxo usado para relaxamento ou recreação, situado fora do centro urbano com áreas edificadas, voltados especialmente para atividades de lazer e entretenimento do hospede.
Para quem serve um resort? Somente aos ricos que podem pagar diarias caras que chegam até mil reais por dia para passar feriados ou férias. Geralmente, um resort é uma grande seleção com diversas atividades, como bebida, comida, alojamento, esportes, entretenimento e compras.

A quem beneficia? Somente os donos do hotel lucram com o empreendimento. A construtora NORCON (obra normalmente financiada com dinheiro público), deseja possuir todas essas terras de beira rio perto da Foz do Rio São Francisco para lucrar muito dinheiro. Para isso, eles querem retirar as comunidades deste local, pois os resorts precisam fazer a “limpeza visual” no caminho de acesso dos hospedes de luxo. Eles tiram não somente os pobres de suas casas, mas, o que eles consideram feio. Daí comunidades como Resina, Saramém e Brejao dos Negros são ameaçados de serem retirados deste local.

Como ficam os pobres? Os pobres ficam fora de seus território tradicional. Pois o resort não traz emprego para o povo do local, pois eles usam somente a mão de obra altamente especializada em hotelaria, não se enganem, pois, não serão estes pobre que terão esse emprego, inclusive proibidos de venderem artesanatos diretamente aos hóspedes ou mesmo comidas. O meio ambiente também sofre, com a destruição do ecossistema Manguezal, destruição das lagoas, caranguejos, siris, peixes e pássaros. Os impactos causados ao meio ambiente, como poluição, extração inadequada de areia são alguns dos problemas causados por estes empreendimentos.

Acontece que para construir o resort é necessário licença do IBAMA para atestar a viabilidade ambiental do empreendimento. Precisa que o INCRA resolva o problema das terras das populações tradicionais que aqui exista. Que tem que haver preocupação com a participação efetiva das comunidades atingida opinando sobre esse assunto. Acontece que a NORCON aliados aos latifundiários que se apropriaram dessas terras, aos políticos desta região em busca de enriquecimento, não estão respeitando o direito dessas comunidades tradicionais que dependem do rio, do mar e do mangue para viver.

A terra é do povo de Resina, a terra é do Povo do Saramém, a terra é do Povo pobre Quilombola do Brejão dos Negros, a Terra é do povo de Carapitanga e de todas as comunidades que aqui existe. A terra não é de ninguém, a Terra é de Deus, a Terra é dos Pobres. A Terra é das Populações tradicionais que sempre viveram aqui desde mesmo antes e depois da colonização: são os pescadores e pescadoras artesanais, os descendentes dos negros africanos – o Povo Quilombola. Essas comunidades tradicionais são os herdeiros, deixado por seus antepassados e não podem abrir mão deste direito.

Essas terras têm que ser transformadas não em resort para os ricos se beneficiarem. Tem que ser transformadas em Reservas Agroextrativistas - RESEXs e feita a regularização das terras públicas destinadas às populações tradicionais que aqui existem. Onde o Povo viva e cuide da Natureza, sem cercas e sem medo.

São Francisco Vivo: Terra, Água, Rio e Povo!!
Articulação Popular em defesa do Rio São Francisco

1º de Maio, caminhada silenciosa marca protesto na Foz

Trovão e Silêncio, marca caminhada de comunidades tradicionais no Município de Brejo Grande
O 1º de Maio, dia do Trabalhador na Foz do São Francisco, Município de Brejo Grande-SE, reuniu cerca de 200 trabalhadores, acampados, quilombolas e pescadores artesanais que vivem as margens do Rio São Francisco em terras que são públicas. As comunidades reuniram-se neste dia numa caminhada que percorreu as principais ruas da cidade de Brejo Grande.


O silencio marcou o trecho. As pessoas perceberam que não tinha um carro de som, que não tinha alardes. As pessoas caminhavam de cabeça erguida num silencio inquieto, ensurdecedor, confrontando-se com o interlocutor imaginário e lutando com sua própria indignação. Era como um murmúrio de uma brisa suave, que soava com pés firmes na paisagem de miséria e desalento que as ruas periféricas de Brejo Grande apresentam: insalubridade e miséria.

Concentrados na praça principal da cidade, como um trovão, as vozes antes silenciosas, ecoavam, desmascarando o medo que o povo desta região é submetido. Ameaçados de serem expulsos de seus territórios tradicionais, comunidade como a Resina e Saramém, povos herdeiros desse território, agora são ameaçados de perderem seu território para dar lugar à empresa NORCON construtora, que deseja edificar um hotel de luxo nesta região.

Com a conivência do Estado e conluiado com latifundiários da região e políticos, a NORCON não perde tempo e tenta persuadir a população local para se retirarem do local, oferecendo-lhes propina. Uma ação no Ministério Publico Federal e procedimentos no INCRA requer do Estado o direito de propriedade das famílias tradicionais que vivem neste local.

Outras denunciais foram feitas pelos trabalhadores, que trata de agressões as pessoas e o meio ambiente, como: desmatamento do mangue, perseguição contra trabalhadores, improbidade administrativa da prefeitura local, falta de saneamento básico, cercas que impedem a população de circular livremente em seus territórios, ameaças. Essas foram algumas demandas denunciadas no dia do Trabalhador.