domingo, maio 04, 2008

1º de Maio, caminhada silenciosa marca protesto na Foz

Trovão e Silêncio, marca caminhada de comunidades tradicionais no Município de Brejo Grande
O 1º de Maio, dia do Trabalhador na Foz do São Francisco, Município de Brejo Grande-SE, reuniu cerca de 200 trabalhadores, acampados, quilombolas e pescadores artesanais que vivem as margens do Rio São Francisco em terras que são públicas. As comunidades reuniram-se neste dia numa caminhada que percorreu as principais ruas da cidade de Brejo Grande.


O silencio marcou o trecho. As pessoas perceberam que não tinha um carro de som, que não tinha alardes. As pessoas caminhavam de cabeça erguida num silencio inquieto, ensurdecedor, confrontando-se com o interlocutor imaginário e lutando com sua própria indignação. Era como um murmúrio de uma brisa suave, que soava com pés firmes na paisagem de miséria e desalento que as ruas periféricas de Brejo Grande apresentam: insalubridade e miséria.

Concentrados na praça principal da cidade, como um trovão, as vozes antes silenciosas, ecoavam, desmascarando o medo que o povo desta região é submetido. Ameaçados de serem expulsos de seus territórios tradicionais, comunidade como a Resina e Saramém, povos herdeiros desse território, agora são ameaçados de perderem seu território para dar lugar à empresa NORCON construtora, que deseja edificar um hotel de luxo nesta região.

Com a conivência do Estado e conluiado com latifundiários da região e políticos, a NORCON não perde tempo e tenta persuadir a população local para se retirarem do local, oferecendo-lhes propina. Uma ação no Ministério Publico Federal e procedimentos no INCRA requer do Estado o direito de propriedade das famílias tradicionais que vivem neste local.

Outras denunciais foram feitas pelos trabalhadores, que trata de agressões as pessoas e o meio ambiente, como: desmatamento do mangue, perseguição contra trabalhadores, improbidade administrativa da prefeitura local, falta de saneamento básico, cercas que impedem a população de circular livremente em seus territórios, ameaças. Essas foram algumas demandas denunciadas no dia do Trabalhador.