quinta-feira, abril 03, 2008

Noticias do Baixo

1º de Abril dia da mentira do governo e da verdade do povo

Trabalhadores e trabalhadoras, entidades, organizações populares ocuparam a ponte do Rio São Francisco que dá acesso a Propriá - SE e Porto Real do Colégio - AL interditando-a por mais de duas horas, provocando um congestionamento de cerca mais de 5 km de cada lado.

Os protestos fizeram parte da luta da sociedade contra as mentiras do governo quanto ao projeto de transposição. No inicio da concentração a Policia Federal chegou com mandato de interdito proibitório, assinada pelo poder judiciário federal de Sergipe, impedindo que a manifestação ocorresse na ponte ou em qualquer trecho da estrada de Propriá, sob pena de pagar multa de mil reais, cada manifestante. Ninguém assinou o mandato e a polícia saiu sem maiores incidentes.

A principal mentira do governo é dizer que “a água é para matar a sede dos sertanejos”. A verdade é que a água é para o uso político e econômico do agronegócio e das forças políticas conservadoras da indústria da seca que sempre reinaram no semi-árido brasileiro.


Os protestos denunciaram os principais descasos e tornaram publica a situação de degradação da região do baixo São Francisco. O rio se encontra hoje com 1.100m3/s, vazão que inviabiliza a reprodução da vida aquática no Rio, os pequenos irrigantes estão em situação de colapso e as cidades a exemplo de Arapiraca está com todo seu abastecimento de água comprometido, muitos bairros estão sendo abastecidos com carro pipa. Mesmo com as fortes chuvas, o rio desce com água sujas, arrastando encostas e muita areia. Mas, ainda na altura da ponte de Propriá é possível enxergar as crostas de áreas no meio do Rio largo e assoreado. Na comunidade Resina no município de Brejo Grande as famílias estão bebendo água com forte salina por causa do avanço do mar.

O povo do São Francisco sofre as mazelas oriundas da violenta degradação do Rio e clama por justiça para que outras intervenções não ocorram em sua bacia. As obras da transposição condenarão por vez a vida do São Francisco. Transposição, quem tem sede não se engana e não se ilude com as mentiras do governo. A verdade do Povo contra a mentira dos poderosos deverá vencer.


Criação de tilapia e a Segurança Alimentar

No Lago de Itaparica durante a semana santa, agentes da Pastoral dos Pescadores visitaram estações de criatórios de tilapia em tanque rede. Foi surpreendente ver a quantidade de peixe boiando nos tanques, mortos, atrofiados pela superpopulação e com doenças causadas por agentes infecciosos: bactérias, fungos e vírus. Sob estresse a tilapia morre agonizada nos tanques sem oxigênio, contaminando outros peixes.

Para piorar é muito comum os criadores utilizarem antibiótico na ração dos bichos para aumentar o tamanho. No entanto, o uso de antibióticos em animais de criação em confinamento é polemico em varias partes do mundo, no Brasil, não existe uma legislação que regulamente o uso de antibióticos que podem provocar resistências bacterianas originadas pelo uso de antibióticos que deixam bactérias resistentes nos animais. Essas bactérias chamadas de estéricas são transmissíveis dos animais para as pessoas.

Sem nenhuma fiscalização é comum produtores utilizarem o uso de antibióticos de forma oculta. “Agente não pode dizer que usa antibiótico, tem que colocar na ração escondido porque não podem, eles dizem que é pra curar as doenças dos peixes, eles ficam com muita ferida no corpo, mas, se fosse uma coisa boa, precisava ser escondido?” disse um trabalhador dos tanques rede que não quis ser identificado com medo de represarias.

A criação de tilapia em tanque rede vem trazendo profundos impactos ambientais e culturais nesta região do Lago de Itaparica. Porém, é preciso discutir a criação de tilapia intensiva na bacia do São Francisco, não só nos riscos culturais e ambientais, mas, sobretudo como uma questão de saúde pública.