quinta-feira, junho 19, 2008

Jornada Nacional de Luta mobilizou milhares de trabalhadoras/es do Campo e da Cidade em todo país

A Jornada Nacional de Luta dos/as Trabalhadores/as do Campo e da Cidade, realizada na semana de 10 a 13 de maio de 2008, é uma continuidade da luta da Via Campesina, que neste processo se soma a movimentos sociais e organizações urbanas.
Nessa Jornada, construída a partir da negação ao atual modelo político, econômico, social e cultural vigente, onde a vida se constitui em apenas mais uma fonte de lucro, diversas atividades foram desenvolvidas sob os pilares da construção de uma sociedade mais justa, solidária e igualitária, com soberania dos povos e equidade nas relações de gênero.

A Via Campesina e trabalhadores urbanos da Assembléia Popular realizaram protestos para denunciar os problemas causados pela atuação das grandes empresas no país, especialmente as estrangeiras, que são beneficiadas pelo modelo do agronegócio e pela política econômica neoliberal.

O modelo econômico baseado no capital financeiro e no oligopólio de empresas transnacionais, principalmente do setor do agronegócio e da energia, sacrifica a renda da população com o aumento do preço dos alimentos e da conta de luz. Para isso, se apropria da terra, das águas, dos minerais e da biodiversidade, privatizando o que é de todos. Aumenta a exploração dos trabalhadores, precariza e retira os direitos trabalhistas, aumenta o desemprego, a pobreza e a violência.

Dessa forma, promove a concentração da riqueza nas mãos dos mais ricos, especialmente dos banqueiros e das transnacionais, enquanto aumenta a desigualdade e a pobreza da população. Combater essa lógica opressora e destrutiva é necessário e urgente.

Por isso, nessa Jornada, a Via Campesina e os Movimentos Urbanos denunciam os interesses das empresas transnacionais em aliança com os latifundiários; o monocultivo em grandes extensões de terras, que destroem a biodiversidade, produzem poluição ambiental, geram desemprego e promovem a desagregação social das comunidades camponesas, indígenas e quilombolas; a produção de etanol para exportação, promovendo a ampliação do plantio do monocultivo da cana-de-açúcar; o uso das sementes transgênicas, que destroem a biodiversidade e eliminam as nossas sementes nativas; o desmatamento dos nossos biomas, de modo especial da floresta amazônica e do cerrado, e a destruição dos babaçuais, através da expansão da pecuária, soja, eucalipto e cana, juntamente como a exportação de madeiras e minérios.

A partir desta compreensão, mulheres, homens e crianças foram às ruas para denunciar, mas também dizer que querem e propõe um outro modelo de desenvolvimento para o povo, com um projeto de agricultura camponesa baseada na produção de alimentos saudáveis e na soberania popular.

Abaixo, descrevemos as atividades que aconteceram nos estados do Brasil durante esta semana de luta do povo brasileiro. Em alguns deles, com forte repressão policial. Como exemplo, o estado do Rio Grande do Sul e de São Paulo.

Produzir alimentos saudáveis, cuidar da vida e da natureza!
Rio Grande do SulForam realizadas atividades em diversos locais. Em Vacaria, Lagoa Vermelha, Passo Fundo, Aratiba, Porto Alegre, Rosário do Sul, Erval do Sul, Piratini e Santa Cruz. Duas destas atividades foram fortemente reprimidas pela Brigada Militar.
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CearáOs trabalhadores protestam contra a alta dos preços dos alimentos, transposição do Rio São Francisco e instalação de uma refinaria da Petrobrás, que será construída em cima da bacia hidrográfica e o consumo de água será equivalente a uma cidade de 30 mil habitantes.
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Minas GeraisAs atividades denunciaram os crimes ambientais e sociais que as empresas mineradoras vêm trazendo ao estado, dentre elas principalmente a Companhia Vale. .
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ParanáOs/as trabalhadores/as rurais cobram do governo federal a reestatização da empresa Ultrafértil/Fosfértil, privatizada há 15 anos, a quebra do controle das transnacionais sobre os alimentos e fertilizantes e uma política eficaz de financiamentos para os camponeses e a agricultura familiar................................................................................................... Leia mais
GoiásAgricultores/as da Via Campesina, trabalhadores/as de bairros organizados em sindicatos e na Assembléia Popular fizeram protestos em três pontos no estado................................................................................................... Leia mais
PernambucoCerca de 200 trabalhadores/as rurais da Via Campesina ocuparam a Estação Experimental de Cana-de-Açúcar (EECAC), no município de Carpina, Zona da Mata Norte de Pernambuco, em protesto contra o avanço da monocultura de cana-de-açúcar na região, que contribui para a elevação da crise dos alimentos no país. Durante a ocupação, os agricultores destruíram mudas de variedades de cana, inclusive espécies transgênicas, e cortaram cerca de dois dos 100 hectares de cana-de-açúcar plantadas na Estação................................................................................................... Leia mais
BrasíliaUma comissão de representantes dos movimentos da Via Campesina participou de reunião com o chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República, Gilberto Carvalho. A Via Campesina apresentou o documento "Programas Estruturantes de Curto Prazo", com propostas para a agricultura brasileira superar a crise do preço dos alimentos................................................................................................... Leia mais
Rio de JaneiroCerca de 500 trabalhadores/as rurais da Via Campesina e de diversas organizações populares da Assembléia Popular realizaram um ato na frente da sede nacional da Vale, no centro do Rio de Janeiro, para denunciar os impactos sociais negativos causados pela atuação da mineradora nos estados de Minas Gerais, Pará, Maranhão e Rio de Janeiro.
RondôniaA mobilização visou denunciar o desmatamento da Amazônia, a ocupação ilegal de enormes extensões de terra para plantação de soja e protesta contra a construção das usinas do Complexo Madeira. Em Ouro Preto, 200 pessoas fizeram uma mobilização por redução no preço da energia................................................................................................... Leia mais
TocantisAlém de denunciar o corte ilegal da floresta amazônica e do cerrado para grandes extensões de lavoura, os/as manifestantes reivindicaram o cumprimento dos acordos feitos entre eles/as e a empresa Vale, construtora de uma ferrovia na região................................................................................................... Leia mais
Espírito SantoA mobilização aconteceu no município de Montanha, onde será instalada uma nova usina, pertencente à empresa estrangeira Infinity Bio-Energy, companhia criada em 2006 e sediada na Ilha das Bermudas, e que já comprou todas as usinas de cana do norte do ES................................................................................................... Leia mais
São PauloTrabalhadores/as da Via Campesina ocuparam uma fazenda no município de Mirante do Paranapanema, da Organização Odebrecht, que está construindo a usina Conquista do Pontal para a produção de etanol. Também, na cidade de São Paulo, cerca de 600 trabalhadores/as rurais da Via Campesina e integrantes da Assembléia Popular ocuparam prédio da Votorantim e CPFL para denunciar os impactos ambientais da construção da barragem de Tijuco Alto, no Rio Ribeira de Iguape, que corta os estados de São Paulo e Paraná. O protesto também denuncia os altos preços da energia elétrica................................................................................................... Leia mais
ParaíbaMais de 200 trabalhadores/as rurais da Via Campesina ocuparam o latifúndio Nossa Senhora de Lourdes, localizado a 5 km da cidade de Mari, que possui 1.100 hectares com a monocultura da cana. A propriedade de Carlos Ribeiro Coutinho foi arrendada para a Usina Jacungu................................................................................................... Leia mais
BahiaOs trabalhadores e trabalhadoras denunciam que os grandes projetos de irrigação beneficiam apenas os latifundiários do agronegócio, especialmente o projeto de transposição do Rio São Francisco, o Pontal Sul, em Petrolina, e o Projeto Salitre, na cidade vizinha de Juazeiro, na Bahia................................................................................................... Leia mais
AlagoasOs manifestantes protestaram contra a transposição do Rio São Francisco, construção das novas barragens e a baixa vazão do rio, que causa fortes impactos na Foz do Rio São Francisco. Também denunciaram que a transposição e as novas barragens beneficiam apenas os latifundiários do agronegócio................................................................................................... Leia mais
Santa CatarinaForam realizadas mobilizações em duas regiões do Estado. Cerca de 700 trabalhadores estiveram em frente à Klabin, empresa de papel e celulose, que detém 160 mil hectares de pinho e eucalipto no estado. Além disso, os/as manifestantes distribuíram 500 mudas de árvores nativas e 15 toneladas em cestas de alimentos para a população da cidade de Otacílio Costa. No município de Maravilha, 1.200 trabalhadores/as fizeram protestos contra a Aurora, que representa o modelo de produção do agronegócio................................................................................................... Leia mais
Mato GrossoOs/as agricultores/as fizeram debates com a população local, em escolas e nas rádios locais, denunciando os graves problemas sociais e ambientais que o Grupo Camargo Corrêa causa na região. O grupo, que detém 52% das terras da região, é responsável pela obras do Complexo Rio Madeira................................................................................................... Leia mais

segunda-feira, junho 16, 2008

OCUPAÇÃO NA HIDRELÉTRICA DE XINGÓ


Via Campesina e Articulação Popular do Baixo São Francisco dia 10 de junho de 2008

quarta-feira, junho 11, 2008

Trabalhadores ocupam duas hidrelétricas por mais de sete horas


Nas regiões do Submédio e Baixo São Francisco duas hidrelétricas, Sobradinho (BA) e Xingó (AL e SE) são ocupadas durante mais de sete horas, por centenas de trabalhadores ligados a organizações e movimentos sociais, povos e comunidades tradicionais. As ações de hoje (10) fazem parte da jornada de luta da Via Campesina contra o modelo de desenvolvimento do governo federal, baseado em grandes projetos como a transposição de águas do rio São Francisco.

Em Xingó são cerca de 1500 pessoas dos estados de Alagoas, Sergipe, Pernambuco e Bahia. Com o lema "Queremos produzir alimento contra o agronegócio e em defesa da agricultura camponesa". A mobilização teve início por volta das 09h e seguiu durante toda a tarde. Eles chegaram a resistir a ação de um grupamento da Policia Militar de Sergipe, com cerca de 60 homens, permaneceram na Casa de Força da Hidrelétrica e começam a sair, após longo processo de negociação.

O grupo denunciou os prejuízos causados pela obras do projeto de transposição, além da ofensiva do governo federal para construção de novas barragens e a baixa vazão do rio na foz, que tem causado a diminuição de espécies nativas e a crescente miséria.

Em Sobradinho a ação iniciou por volta das 06h com aproximadamente 700 pessoas. Os camponeses não encontraram resistência na entrada e ocuparam área de acesso a sala de controle da Usina. Policiais militares e federais tiveram no local a fim de negociar uma possível retirada dos manifestantes e fontes, não oficiais, ainda afirmaram que um grupamento da infantaria, do batalhão do exército em Petrolina (PE), estaria a caminho da área.

Todavia, a saída do local foi decidida em assembléia geral, por volta das 13h. “Entendemos que cumprimos nosso objetivo de denunciar esses projetos e essa é apenas uma das ações que estão acontecendo em todo o país”, disse Cícero Félix, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

As duas Usinas foram construídas pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). Sobradinho tem 30 anos e é chamado de “coração artificial do São Francisco”, com um dos maiores lagos artificiais do mundo. É a primeira vez que uma ação do tipo acontece no local. Xingó é mais nova, tem cerca de 12 anos

Nas duas ocupações os manifestantes defendem a convivência com o semi-árido , revitalização do rio – considerando as comunidades que historicamente tem sobrevivido em toda a bacia e as suas necessidades reais, regularização fundiária e a paralisação das grandes obras, como a construção de novas barragens e o projeto de transposição.

Na Bacia do São Francisco as ações são articuladas pelos movimentos que fazem parte da Via Campesina junto com outros movimentos, organizações sociais, povos e comunidades tradicionais que formam a Articulação Popular São Francisco Vivo.

Mais informações:
Sobradinho
Cícero Félix (CPT): (74) 91984001
Jailson Santos Sena: (74)

Xingó
Alzení Tomáz (CPP NE): (75) 9136 1022
José Hélio (MPA NE): (82) 9950 0227
Beto (MST AL): (82) 9999 4846
Luciano (MST AL): (82) 9915 3134