domingo, janeiro 28, 2007

Contexto da Região do Baixo São Francisco

Cenário
O Baixo São Francisco é a região que mais sofre as conseqüências do modelo de desenvolvimento depredador imposto a toda Bacia. Junto com as águas decantadas pelos sucessivos barramentos e poluídas pelos esgotos, agrotóxicos e metais pesados, chegam às doenças, o peixe escasso, a fome, a miséria e a violência. Estão nas margens do São Francisco os piores índices de desenvolvimento humano da região. O Baixo também é marcado pela sua própria condenação. O nível de degradação é alarmante, com a prática de desmatamento pelos monocultivos de cana-de-açúcar e pastagem, a devastação dos mangues, a destruição de várzeas e lagoas marginais, a substituição do modo de vida adaptado de povos e comunidades tradicionais por tecnologias degradantes como piscicultura, carcinicultura, além do turismo, a pressão empresarial sob territórios tradicionais a privatização das margens dos rios são exemplos locais da condenação do Velho Chico.
Além disso, outras ameaças estão sendo impostas para esta região, o projeto de transposição (eixo leste) e usina nuclear na área de transição entre submédio e baixo, nova barragem como a de Areias para contenção de água do eixo leste da transposição, barragem de Pão de Açúcar, avanço da carcinicultura e dos projetos de tilapicultura (responsável pela substituição da pesca artesanal), o turismo que desconsidera as terras e territórios das populações tradicionais, incentivados pelas políticas do hidro-agronegócio, conduzidas pela CODEVASF, CHESF, empresas e empreiteiras, esses, são alguns dos exemplos que inquietam a vida da população desta região.
Muitas instituições da sociedade civil dependem de recursos para sobreviver e por isso ficam refém da instituição financiadora que dizem o que pode ou não. Elas crescem e tem sua força e representatividade, por causa disso, o governo solicita dessas o trabalho de “parcerias” junto a projetos ligados a Petrobrás, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Ministérios, instituições internacionais, etc. Parece uma tendência globaliza que aumenta nessa nova conjuntura de poder. Algumas secretarias do governo vêm agindo na região como se fossem movimentos sociais, a exemplo, da CEX (Coordenadoria Agro Extrativista), Secretarias de Agricultura, SEAP (Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca), Projetos como: PDHC (Projeto Dom Hélder Câmara), Projeto Renascer, o próprio Projeto de Revitalização do São Francisco oferecido pelo governo, etc. Nesse segundo governo Lula, a perspectiva é de que os Movimentos Sociais serão ainda mais usados como estratégia de aproximação das bases, fazendo com que elas “executem” atividades governamentais, sendo coagindas e cooptandas. Neste cenário observam-se as estruturas de organização dos trabalhadores ainda mais desestruturadas, sem força, sem luta de classe, viciadas nos projetos e sem representatividades perante a classe desacreditada.
Contudo, esta é uma região marcada pela resistência e lutas populares.